"Falar do tempo que faz, nos faz esquecer do tempo que passa"
Era uma tarde que já beirava a noite. Seguia sua rotina e preparava-se para o pior. Vestiu-se de coragem e preparou-se o dia todo para o momento final.
Pensou em tudo que fizera e na pessoa que se tornara. Assumiu seus erros, mas quis que ele reconhecesse também seus acertos e suas inúmeras tentativas de reerguer aquele relacionamento que há muito já estava acabado. Pensou em sua carreira e tudo que adquiriu sozinha até então. E resolveu seguir em frente.
Entrou na casa dele, olhou tudo ao redor. Tudo aquilo que não faria mais parte de sua vida. É difícil de aceitar que está se perdendo algo, mesmo que nunca tenha lhe pertencido, mas que fez parte de sua vida por instantes. É difícil de observar lugares que propiciaram momentos únicos que foram seus, e que, a partir daquele momento, passaria a fazer parte dos momentos dele com outra pessoa. É difícil perceber que a perda é apenas uma sensação e que aquela pessoa nunca lhe pertenceu.
Vendo-o entrar por aquela porta, teve medo de não conseguir prosseguir, de voltar atrás, de acabar com o mal pela raiz. Mas relembrou o quão sofrido tinham sido os últimos dias e que aquela tortura deveria acabar. Nesse momento então, surgiu uma força inventada, daquelas que machucam por não serem reais e, por detrás dela, que naquele instante estava sob forma de escudo, agiu como se não sofresse, como se desejasse aquilo. E a partir daí deu seguimento ao processo.
Com olhares que se entrelaçavam, conversaram abertamente como dois amigos, coisa que não acontecia há alguns meses. Era visível o cansaço e o sofrimento nos olhos de ambos, que sabiam que o que sentiam era intenso, mas que há muito tempo já não era mais amor. Em meio a toda a bagunça, ouviam uma música pesada, como aquele momento exigia. E sentiram frio, mesmo que estivesse no calor mais forte do verão.
Não sei se era por sua personalidade forte, por suas características marcantes ou por seu senso crítico aflorado... sei que havia admiração dela por ele. Talvez tenha sido isso que tornou a separação ainda mais difícil. E no momento em que ele virou-se de costas, ela sentiu claramente uma lágrima rolar em seu rosto, mas que foi brevemente enxugada, pois não podia fraquejar no momento final, depois de todo o enfrentado.
Finalmente ao despedirem-se a palavra final foi dita. E essa única palavra simples, que machucadamente saiu da boca dela foi responsável por tudo que foi enfrentado por ambos após aquele momento. Foi ela que dificultou todo o futuro e foi a última civilizada entre ambos. Certamente se imaginassem o que viria a partir daí, teriam feito muita coisa diferente. Tentariam lembrar-se dos risos, das boas companhias, dos filmes, das coisas boas. Teriam dado valor ao que realmente merecia uma atenção especial. Mas foram tolos, e o homem, que na verdade era um menino, aquele, de nome marcante não esteve mais presente, mas passou a atormentar. Desde então, criou-se um final e um recomeço.
6 comentários:
amo o modo que tu escreve...e são os momentos de tristeza que surgem os melhores textos..o bom é esses sentimentos ficam nas palvras e nos fazem mais fortes =D
Não é estranho como nos "finais" sempre existe mais conteúdo do que nos "começos"?
Talvez seja essa necessidade humana (muito pouco admitida) de sofrimento e melancolia.
Linhas tristes são densas, tocam fundo, em um lugar comum à quase todos nós. Porém funcionam como lindos pássaros de coloração neón e asas cortadas. Encantam nossa noite mais escura, mas nunca saírão dela.
Esse é um conselho que dei à mim mesmo por anos mas que ironicamente nunca funcionou como deveria.
O passado serve de consulta da alma e o presente é um deserto pueril cheio de possibilidades de criação. Mas só um coração capaz de imaginar o futuro ficará marcado na história com a grandiosidade que todo artista almeja.
Desabafar é uma delícia, mas ousar sonhar o que ainda não aconteceu....é muito mais revigorante!
Teu estilo é maravilhoso, como disse antes, é transparente e passional, duas ótimas qualidades de quem escreve com o coração!
Bjus!
Foi bem profundo isso Aninha. Nota-se um tom muito pessoal no texto, que faz com que a identificação com ele seja quase que imediata. Sem contar que o leitor facilmente se coloca no lugar do personagem, e sente o que ele está sentindo, e isso é uma das coisas mais difíceis de se fazer.
Parábens ^^
Aninha... Eu sou mais uma fã da tua maneira de escrever. Como sempre, o texto é maravilhoso. Cada palavra lida dá uma agulhada no peito e ainda emociona, muito. Muito obrigado pelo comentário no meu post, faz eu me sentir mais compreendida e menos "sozinha". Vou acompanhar teu blog direto! Só não esquece do Chanel, porque eu não posso ficar sem ti!!! Mega beijo.
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